Marcar presença de forma sutil (Imagem: Mareefe - Pixabay) |
Quem manda usar sempre o mesmo perfume?
Este é uma reflexão sobre costumes, sobre valores individuais.
Estamos em uma sala de eventos onde coordeno uma de minhas turmas do Curso Formação para Coordenadores em Jogos de Empresa e Técnicas Vivenciais. Eram cursos de longa duração, encontros mensais, com leituras durante as semanas, comentários escritos, relatórios e, nos dias dos encontros, duas horas para verificar a internalização do conteúdo. O demais (dias sequentes, final de semana), só vivencial.
Sempre gostei muito destes cursos. Foram quase 20 turmas, sem contar os que ministrei em empresas (onde a clientela inteira pertencia à mesma organização).
Nestes encontros abertos, os profissionais eram todos facilitadores de grupos já atuando (ou com intenção de) pertencentes a empresas diferentes. Experiências únicas eram trocadas. Além de tocar o emocional de todos, ampliava o horizonte individual sobre como funcionavam organizações de diferentes atividades-fim.
Sempre que era possível, que não envolvesse temas onde a coordenação tinha de estar em um patamar de observação-avaliação, eu participava, assim como a coordenação adjunta. Era muito enriquecedor.
Em um desses cursos, tinha como coordenador-adjunto um egresso de turmas anteriores, gerente de Recursos Humanos de uma empresa pública. Pró-ativo. Muito bom.
Em uma vivência de reconhecimento do outro, todos circulando pela sala de olhos vendados, quando ele chegou à minha frente, apenas tocou meu antebraço e já foi dizendo:
- Marise.
Achei incrível como ele, antes mesmo de tocar meu antebraço, já havia me reconhecido. Decepcionei e disse:
- Ah! Assim não vale! Como pode?
Ele respondeu rindo:
- Quem manda usar sempre o mesmo perfume?
Senti meio que como uma crítica. E eu não via assim. Pra mim, o perfume tem de caracterizar a personalidade de quem usa, tem de "falar" pela pessoa. E, assim, como eu me sentia 'única', isto é, era sempre a mesma, sentindo, pensando e agindo conforme minha ética, decidira, há anos, usar sempre o mesmo perfume. E isto não me atrapalhava. Pelo contrário, me representava.
Depois, no retorno, ainda comentei com ele isso. Ele disse que, pessoalmente, tinha vários perfumes, um para cada ocasião, para cada atividade. Eu, com relação ao perfume, o cheiro, considerava diferente.
Há muitos anos já não uso mais este perfume, um Yves Saint-Laurent, pois ao saber que seus produtos eram-são testados em experimentos dolorosos em animais, resolvi não mais usá-lo.
Com relação à personificação de uma determinada fragrância, fiquei mais flexível. Tudo que me representa são: lavanda, miosótis, edelweiss, cheirinhos silvestres suaves. Até a frutinha pitaya.
Perfume, pra mim, tem de ser bem discreto. Marcar presença de forma sutil.
Quando se traz esta realidade para um grupo, vemos que tem fortemente a ver com o jeito de ser de cada um.
E assim tantas coisas que vão falando por nós, nos detalhes pequenos de um bom observador.
Autoconhecimento. Identidade.
Adoro cheirinhos pessoais. E sou muuuito grata à Fonte Divina por poder estar melhorando que uma alergia na pele que me impediu, por mais de dois anos, de usar perfume.
Que bom que temos a oportunidade de melhorar nossa imunidade sempre e sempre!
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Marise Jalowitzki é mãe, avó, sogra, irmã, tia, filha, neta, amiga, cidadã.Também é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas.Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano. Querendo, veja aqui
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