Cê tá maluquinha? Produzindo serotonina - Le Loup - Le Coq - Le Canard

Imagem: Superbus - Capa do Álbum Aéromusical - Youtube

Estava trabalhando em um congresso de Desenvolvimento Humano em uma das capitais e, à noite, dividia o quarto de hotel com uma colega mineira. Psicóloga. Ela admirava (e lia muito) Jean-Yves Leloup, famoso teólogo francês. E não parava de falar nele. 

Final de um dia puxado, minha turma havia sido bem numerosa. Eu estava passando uma fase de luto intenso, perdas recentes e sérias (doença e um assassinato). O esforço que eu fazia para me superar era imenso e lutava, lutava mesmo, para não deixar transparecer meu interior que, naqueles dias, não interessava a ninguém, ali. Somente a mim.

Eu tentava mudar a faixa vibratória e conseguia enquant na exposição, mas, interiormente, estava muito triste. Por isto queria silêncio e, ao mesmo tempo, queria uma razão pra poder rir, pois isto é saúde pura.

De início até achei bom ouvi-la falar, mas, depois, frente a repetição do tema, eu não queria mais ouvir tanto "importante fazer isto, necessário fazer aquilo"... até porque bem sabemos que as "receitas de bolo" servem para alguns. Não pra todos.

Minha amiga tinha um tique que muitos psicólogos tem. Sabe aquele "éle" (letra éle) que se faz quando se quer analisar alguém? O polegar em riste vai por baixo do queixo e o indicador aponta para o olho do analista...

Eu a observava naquele discurso interminável, cheia de "certezas" e comecei a achar aquilo engraçado. Comecei a rir. Veio-me à mente, ao invés do Leloup, frases de Le Loup (O Lobo), uma canção lançada em 2002 pela banda de rock Superbus, que diz:

"Não vão no bosque!
pois o lobo não está lá!
Sejamos jovens e sobretudo façamos frente ao lobo
Vamos morder nossos pescoços!"


https://www.youtube.com/watch?v=QjCwf8dtkLI

Senti que tinha "pêgo a artéria do riso", o riso, a diversão estava sintonizada e eu queria muito, conscientemente, acessar, pois sabia que estava produzindo serotonina, e precisava disso!

Ela ficou ainda mais séria e eu achando ainda mais graça de seu rosto sério! Aí lembrei de um tênis lindo, verde com dourado, que minha filha, ainda menina, tinha, e que levava a marca Le Coq (o Galo) que, por muito tempo, achei que deveria ser O Pato (le Canard), que soava como canário... E, naquele momento, juntei: ou como canalha. Nada fazia sentido e ali é que estava a verdadeira graça. Construir bobagens, imaginar todos aqueles bichos juntos, calçados, as "verdades incontestes dos doutos, o rosto intrigado de minha amiga.

Eu repetia: Le Loup, Le Coq, Le Canard, o canário e pensava... o canalha! Não dizia em voz alta esta última palavra, para que ela não interpretasse como uma crítica ao pensador Leloup, a quem prezo muito e respeito.

Como no francês não se pronuncia a última letra, ficava ainda mais engraçado. Estava já gargalhando. Sabe aquelas coisas que não se expllica, porque não fazem sentido, apenas divertem?

Ela, seríssima, perguntou:

- Que tá acontecendo? Cê tá maluquinha?
- Não, só tô feliz! - respondi.

Até hoje não sei o que ela pensou (e também em nada interessa isso), só sei que me fiz um bem danado naquele momento. Eu precisava sair do ostracismo emocional em que me encontrava e consegui! Sem "remedinhos"... 

Foi muuuito bom sentir o hilário de meu riso tosco, mas que me fez tão bem!

Adormeci sossegada e enfrentei o próximo dia com mais alento.

E aprendi a lição! 

Sempre que posso, "construo" alguma cena engraçada em minha mente e começo a sorrir. Por vezes rio bem alto, mesmo estando sozinha em casa (na rua, melhor ser mais comedida, senão as pessoas também vão estranhar... Cê tá maluquinha?... ou tá puxando fumo??? ...ou as duas coisas???  Ahahahaha!)

Rir o triplo do que se costumava rir antes se obtém na prática. E deixa tudo mais suave.


Este post complementa esse: 

Contabilidade Emocional e Financeira - Coma a metade, ande o dobro, ria o triplo!

https://diariodaultimaetapadavida.blogspot.com/2020/02/contabilidade-emocional-e-financeira.html








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Marise Jalowitzki é mãe, avó, sogra, irmã, tia, filha, neta, amiga, cidadã.Também é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas.Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano. Querendo, veja aqui