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Quanto se deve investir em um relacionamento?
Quais os sinais que o cotidiano nos dá?
Fico lembrando das tentativas que todos fazemos para dar certo nos relacionamentos.
E do quanto não se dá atenção aos detalhes que mostram, definidamente, que tem probabilidades de dar certo, ou não.
Dois andares abaixo de meu apê mora um casal jovem. Seguidamente ouço os impropérios, a voz alterada com que o rapaz se dirige à companheira nos momentos em que ele se irrita com ela. E o silêncio absoluto dela... onde levará este tipo de comportamento?
Hoje, em minha caminhada diária, andei muito por caminhos conhecidos, em bairro diferente de onde atualmente moro.
E, ao passar por um determinado trecho de uma rua conhecida, uma curva perigosa (diz no aviso), revivi um momento em que andávamos abraçados, um namorado que pensei que poderia ser um companheiro desta jornada madura.
Ele queria andar abraçado, era mais alto que eu e não conseguíamos acertar o passo. Seu passo era bem maior que o meu.
Ficou bem incômodo caminhar. Desconexo.
O que esta 'fotografia' mostrava?
Ambos estávamos, naquele momento, querendo ficar juntos - por isso andávamos abraçados - mas as nossas visões de mundo não eram as mesmas. Ele ainda queria muito tapete vermelho, visibilidade, aplausos. Eu já cansara disto tudo, do mundão de aparências, e queria uma vida-de-verdade, com direito à simplicidade, longe dos holofotes.
Naquele momento ainda não víamos isto.
Levou pouco tempo para que a realidade se escancarasse. Não estávamos felizes. A iniciativa, mais uma vez, foi minha em romper o relacionamento. Sabia que não estávamos em sintonia e vivendo momentos diferentes.
Afianciei meu carinho, mas pedi licença para sair. Ele mudo. Precisei de coragem, pois havia investido muito, como sempre, pra dar certo.
Mas sabia o que queria. E não iria desperdiçar minha idade madura, todos os resultados de minhas importantes experiêncas de vida e meus sonhos de Entendimento, Respeito e Paz.
Ciúmes, descaso, não cumprimento de planos combinados, exigências, unilateralidade, auto importância. Um dissimulado desprezo por um irmão meu que eu gostava muito (já partiu) e que tinha problemas de saúde. Uma intolerância e ironias veladas que machucavam.
Sim, havia muito carinho, também, palavras doces, planos futuros.
Mas, como conviver com tantas coisas que deixavam um sabor amargo na boca, nas lembranças, na mente? Aquele sininho de alerta?
Houve uma vez em que eu estava na cozinha preparando um suco para nós e ele, sentado no chão em outra sala, conferindo uma lista interminável de itens comprados no aeroporto, com as sacolas de bugigangas que estava levando para seus amigos e familiares em sua cidade. "Lembrancinhas da viagem", disse. Em determinado momento ouvi sua voz áspera, como nunca havia ouvido, chamando meu nome, em tom de reprovação. Perguntou se eu vira um dos itens que ele, supostamente, havia comprado. Respondi, com toda a candura que os primeiros tempos de namoro trazem:
- Não vi nenhum dos itens. Por acaso tens nota fiscal de tudo que compraste?
Ele disse que sim.
Perguntei:
- E consta da relação?
Olhou e disse que não... Então, sequer havia adquirido, nem pago. Procurei não pensar sobre o que isto poderia significar. Sim, ele desconfiara de mim...
Depois, já no aeroporto, o vi conferindo todas as sacolas novamente, antes de despachar o táxi que o levava para lá, mesmo as sacolas estando no porta malas e o motorista sequer tendo se aproximado delas. O motorista ficou entre surpreso e indignado.
Estava tudo OK com as bagagens. Mais uma vez.
Depois, refleti: Como assim, eu abro minha casa para recebê-lo, deixo-o transitar livremente em todos os cômodos e ele desconfia de mim?
Pode parecer uma pequena coisa, mas fui somando tantos outros procedimentos, como a ostentação de carinhos sensualizados (demais, pra minha ética) em plena rua no centro da cidade, onde eu era conhecida pelo trabalho de consultoria que desenvolvia e ele não respeitava isso!
E tantas coisas mais.
Não demorou muito para que cada um seguisse seu caminho.
Não saber desligar-se é o mal que acomete muitas mulheres. Não pode haver medo de ficar sozinha, ainda que isto seja institucionalizado!
Como já mencionei em outros posts, desde muito cedo decidi que não permaneceria em um relacionamento que não me deixasse interiormente bem, satisfeita, sim, feliz.
Quando penso em tantas mulheres que sabem que não estão felizes, que não se sentem acompanhadas, sinto pena do quanto de vida que desperdiçam para, na maioria das vezes, sofrer até violências. Quando não coisa pior, como ter a vida quitada. Números sempre crescentes.
Andrew Neel - Pexels |
Há questão de semanas uma garota surpreendeu o júri, o juiz, os guardas, em um julgamento que aconteceu em uma cidade do nosso RS. Quem estava sendo julgado era seu namorado, que havia desferido 5 (isto mesmo, cinco!!) tiros nela, em plena praça pública, por ciúmes! Ela, por um milagre, não morreu. E foi dela a iniciativa de se levantar e dar-lhe um apaixonado beijo na frente de todos. Senhor! Quais serão os próximos capítulos? Nem quero saber!
Sim, você pode estar pensando: Nem se compara um caso com o outro. É verdade! Mas o que quero ressaltar, neste post que se propõe a não ser muito longo, é do quão permissiva pode se tornar uma relação, acarretando danos a ambos, quando o Respeito não se faz presente desde o início!!
Não há base maior para um relacionamento que o Respeito!
Imagens:
Passos - https://www.pexels.com/pt-br/foto/escadas-degraus-cidade-meio-urbano-3565892/
Ar Livre - Andrew Neel - https://www.pexels.com/pt-br/foto/ao-ar-livre-arvores-aventura-buscando-2682462/
Link deste post: https://diariodaultimaetapadavida.blogspot.com/2020/02/passos-desconexos.html
Marise Jalowitzki é mãe, avó, sogra, irmã, tia, filha, neta, amiga, cidadã.Também é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas.Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano. Querendo, veja aqui
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