sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Felicidade e Depressão - Ansiar por ser feliz pode te deixar mais infeliz


Querendo ser feliz, mas não sabendo como. (Foto: Sem Steenbergen - Pexels)

Autoconhecimento vale por demais!
Pare de correr sempre atrás da Felicidade!
"Não existe caminho para a Felicidade. A Felicidade é o caminho!!"


Fracas habilidades de controle atencional e regulação da emoção mediam a associação entre valorizar a felicidade e a depressão. "Valores internos de experimentar a felicidade moldam nossas experiências e humor." declara a Dra. Julia Vogt, psicóloga da Universidade de Reading, no Reino Unido, como resultado de um estudo recente sobre os vínculos entre ansiar por felicidade e a depressão.

Na contramão do que o mundão caótico ensina e preconiza, perseguir a felicidade pode causar depressão. Sim, pois do jeitão desenfreado com que as coisas são vendidas na atualidade, tudo tem de ser obtido já, de imediato, com muitos aplausos. Ser famoso, ser bem querido, ser bem sucedido nos negócios, nos amores, nas aquisições... como não estressar-se?


Alguns já intuíram isto. A maioria das pessoas, porém, continua acreditando que "correr atrás" é mais importante que tentar harmonizar-se com o que se tem, com as pessoas que estão conosco atualmente, reverenciar os que vieram antes de nós. 

Isto não significa não ter planos, objetivos e projetos. Tem a ver com a velocidade com que se quer algo, com o quanto de investimento isto necessita (em termos financeiros, emocionais, tônus vital) e do quanto precisamos estar "felizes  tempo todo".... Impossível dar certo, pelo simples fato de a vida ser continuída de erros e acertos, tem prós e contras, tem lágrimas e risos. Cada um a seu tempo.

Desatentar para isto acaba gerando estresse, ansiedade, tem o poder de deixar deprimido.

É só olhar ao redor pra ver o quanto os jovens de hoje continuam sendo empurrados para esta ilusória felicidade, do mesmo jeito que os jovens de ontem também o foram.

Isto tem preocupado a muitos especialistas, já que, ao não obter o desejado-almejado e cair em depressão, o indivíduo procura nas medicações psicotrópicas a resposta para o desequilíbrio psicológico. 

Sem mudar por dentro não adianta. A medicação tarjada até dá uma aliviada no início, mas, bem sabemos, consta na bula, pode desencadear efeitos colaterais bastante nefastos, incluindo idéias de suicidalidade e mesmo o suicídio em si.

Diversos estudos, neste sentido, tem procurado alertar a população para a necessidade de uma mudança de paradigma, o que ainda parece bem distante para a maioria.

Vários estudos continuam a ser feitos em diferentes países. Reino Unido, EUA, Rússia,  leste da Ásia. Surpreendentemente (ou não), nos EUA apareceram os maiores índices de associação entre ansiar pela felicidade e depressão - publicações no Journal of Happiness Studies - enquanto as pesquisas efetivadas na Rússia e no leste asiático mostraram uma associação positiva entre o valor da felicidade e o bem estar - publicações no Journal os Experimental Psychology.  

Os participantes receberam uma série de questionários online, e responderam sobre quais atitudes tomavam frente a diferentes situações, sobre o quanto valorizavam a felicidade e quais emoções - e a intensidade delas - os afetavam. Também foram analisadas quais destas emoções eram silenciadas, ou simplesmente descartadas, e quais permaneciam por mais tempo.


Uma razão para essas diferenças pode ser que, por aqui, os hábitos, os valores, os indicativo têm como base para seus níveis de felicidade as realizações individuais e não as coletivas, pensar em si e no seu pequeno núcleo e não em objetivos universais. Faz TODA a diferença!





O que precisa acontecer

Os estudos não apresentaram sugestões sobre como habilitar-se emocionalmente para poder celebrar as conquistas e, concomitantemente, desenvolver resiliência para lidar com os reveses.

Sugiro a seguir alguns passos que já se mostraram efetivos.

Não há qualquer problema em querer ser feliz (é o primordial objetivo humano). É preciso aprender a considerar sempre as consequências, a que irão levar nossos atos, quem será prejudicado, quem será favorecido. 

Também, aumentar o controle emocional, regulando as emoções, avaliando e valorizando os resultados obtidos, aprender com eles. 

Comemorar e saborear as conquistas, por menores que sejam. 

Olhar em todas as direções.

Olhar para trás como forma de avaliar o que já foi e o que é atualmente. Reverenciar os ancestrais e a si mesmo. Ao invés de esmiuçar os erros, salientar os acertos. 

Enxergar também os que têm menos que nós, seja no campo material, afetivo, condições físicas, etc..

Olhar para a frente, entendendo que o futuro (momento seguinte) é uma grande incógnita e não estamos no controle de tudo, mas podemos [e devemos] avaliar consequências. 

Há um índice importante de previsibilidade, mas nada garante que vai acontecer como desejamos.

Enxergar também, com tranquilidade e sabedoria, aqueles que têm mais que nós (posses materiais, exuberância física, etc.), entendendo que este mundo é desigual, sempre foi e que, mesmo não sendo um cenário justo, há condições de realizar feitos os quais podemos celebrar. 

E avaliar o esforço a ser despendido. E se estamos dispostos a isso.

O momento presente é tudo que temos (Foto: Nicholas Githiri - Pexels)


Olhar para os lados, aceitando que o momento presente é tudo que temos, é tudo que dispomos e onde, efetivamente, podemos agir e interferir. Que seja para o Bem.

Enxergar, também, quem está em situação semelhante, quem acompanha o estágio em que nos encontramos e que também tem sonhos e planos.


Olhar para baixo, agradecendo pela nossa origem, reverenciando a Mãe-Terra, que nos sustenta, nos dá estrutura para manter-se em pé, fornece o alimento que permite a Vida. Tão poucos o fazem! 


Olhar para dentro de si, entendendo, aceitando, celebrando e perdoando todos os seus atos, habilidades, carências. Tanto a encontrar!

É dentro de cada um que reside o potencial para seguir, entender, aprender.


Olhar para o Alto, entendendo que há TANTA coisa que não conhecemos, cisas e fatos, verdades e condições que sequer imaginamos. E reverenciar e agradecer.

Não é resignar-se. É aceitar-se.


Fontes de pesquisa:
https://www.medicalnewstoday.com/articles/327493

https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10902-019-00193-9

Imagem do topo: Sem Steenbergen - https://www.pexels.com/pt-br/foto/natureza-floresta-selva-mata-3621344/

Imagem no texto: Nicholas Githiri - https://www.pexels.com/pt-br/foto/acessorio-afeicao-afeto-alegria-1027931/

Link deste post: https://diariodaultimaetapadavida.blogspot.com/2020/02/felicidade-e-depressao-ansiar-por-ser.html









Marise Jalowitzki é mãe, avó, sogra, irmã, tia, filha, neta, amiga, cidadã.Também é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas.Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano. Querendo, veja aqui







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