quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Enfrentando suas fraquezas - Andar por lugares onde já se viveu faz mal?

Quando a intenção é sentir 'de verdade'

Foto lindíssima de Dick van Duijn - holandês - realizada em Viena mostra esquilo cheirando, sentindo,  se integrando à flor








Embora muitos digam que sim, que o melhor é não retornar ao passado, eu discordo.

Particularmente, anda me fazendo muito bem voltar a lugares conhecidos, onde já vivi, onde já passeei, onde já circulei.

Creio que, como tudo na vida, não há regra fixa, nem receita que se ajuste a todos os casos e-ou pessoas.

Há questão de alguns [poucos] anos me decidi, a encarar as situações passadas de frente, deixando vir a raiva do jeito que ela nunca pôde aparecer. O ressentimento, a mágoa. Eu vivi a  minha vida inteira muuuito influenciada por linhas espiritualistas que pregavam o perdão a todo instante, que enfatizavam a necessidade de "não sentir" (como se isto fosse possível) quando alguém magoava, machucava, traía, feria. Incluo neste rol todo o tipo de relacionamento: afetivo, comercial, parcerias de negócios, associações, tudo.

Quando, finalmente, me dei conta do quanto fui ingênua em algumas situações, do quanto confiei em determinadas pessoas e do quanto, por não ter forças para enfrentar e brigar, sublimei meu sofrimento... fiquei muito mal! Eu me enganara! Ou tentara me enganar! A verdade é que me sabotei.

Sabia que o outro estava sendo cruel, ou sacana, e tentei "passar por cima" como se aquilo não estivesse doendo... e "perdoava", na ânsia irreal que tudo voltasse ao que era antes. E percebi, também, que o "antes" estava só na minha cabeça e idealização.

Quando deixei a raiva antiga, resguardada, acoberta, finalmente fluir, constatei a minha fraqueza (ainda agora) para fazer frente a situações ignominiosas. Chorei bastante. Mas tinha de mudar algo dentro de mim. Comecei a ler novas coisas. 

Como esta questão:

Por que as pessoas traem? 

Quando alguém é sempre muito 'bonzinho', perdoa sempre, sempre entende, sempre desculpa, deixa passar um tantinho e já volta com sorrisos e agradinhos, mesmo quando o outro acaba de ser muito grosseiro, vai acostumando o outro no mau trato. 

Mesmo o silêncio que quer evitar o confronto, se continuado, acaba sendo concordativo e não apaziguador de uma situação de afronta.

Isto gera dois comportamentos reativos no outro, dependendo de sua índole:

1- Se a pessoa for mais arrogante, pode pegar tamanho desprezo por aquele ser 'bobão', que não merece ser respeitado, que vai fazendo sempre mais atos indignos e insanos, e mais desrespeitoso fica.

Hoje tanto se comenta sobre relações doentias, onde mulheres (e, em algumas situações, também alguns homens) sempre perdoam as traições, violências, maus tratos, que fica bem mais fácil verificar isto em situações cotidianas.

2 - Se a pessoa for mais tímida, insegura, pode desenvolver um sentimento ainda maior de insegurança, tipo, "ela(e) é tão diferente de mim, tão mais 'acima', tudo aceita, tudo entende, tudo perdoa... jamais vou poder ser como ela(e)". E trai e faz de novo e de novo.

Este segundo comportamento vi acontecer lá no passado, com um casal parente, onde o homem dizia "não tem igual, ela é uma santa, não sei como me aguenta, como me perdoa sempre"... e continuava um mau caráter. Era como se a própria mulher (neste caso mencionado) desse o aval para continuar com os maus tratos.

Enfim, este tema é profundo e pode e deve ser comentado mais vezes. Muita reflexão.  Importante.

Para mim, hoje, conjeturando sobre várias situações durante minha caminhada por ruas e bairros onde já vivi, fez muito bem andar, mais uma vez, por caminhos onde protagonizei intensamente cenários bastante fortes e marcantes. 

Estou em um processo muito genuíno de alinhavar situações pendentes, fazendo a gestalt  e encerrando ciclos. Sinto que é uma forma saudável de evitar a recorrência de lembranças que não são boas. Nem leves.

Tudo já está escrito, faz parte da história que já aconteceu e cada tema vai para seu quartinho específico, devidamente arquivado.

Os verdes das praças continuam lá, como arquivos vivos. As casas e as ruas, as calçadas, idem. 

Eu estou conseguindo deixar no passado o que é do passado. Como sempre deveria ter sido.

Quero repetir mais vezes.

Faz muito bem.

Qual o lindo esquilinho da foto do topo, quero sentir genuinamente, não mais de forma aprendida. 

Bençãos!



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Marise Jalowitzki é mãe, avó, sogra, irmã, tia, filha, neta, amiga, cidadã.Também é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas.Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano. Querendo, veja aqui










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