quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

O tambor e o tenor


Imagem: Pixabay




A nitidez de minhas incursões aos “outros mundos” sempre foi uma coisa que me intrigou. Registro minha primeira experiência aos 11 anos de idade, sempre em 'sonhos', que o Prof.Dr. Moacir de Araujo Lima, da UFRGS, denomina de "fenômenos de retrocongnição" (quando são do passado, como aconteceu com meu livreto A Mansão); ou de 'contatos com mundos paralelos', como denominam outros estudiosos do tema.

Sempre vi, contatei ou conversei com tudo muito claro. O perfeito contato com pessoas, sejam conhecidas ou não, os diálogos totalmente pessoais, familiares ou com pessoas que encontrei pela primeira (e única) vez. Cenários nítidos que, se encontrasse na 'vida real', saberia reconhecer perfeitamente.

Conversas fluentes, diálogos fluentes, incluindo outros idiomas, como o alemão, o polonês e o francês. O primeiro, tenho algumas reminiscências da primeira infância, já que a mãe falava em alemão muitas vezes, então dava pra deduzir que era meu subconsciente que havia armazenado “mais”... Do francês, havia tido aula por dois anos (1962 e 1963) no Sepé Tiaraju, em Santo Ângelo-RS, uma vez por semana, e onde decorei o Je vous salue, Marie, que sei até hoje com fluência. Mas polonês, não sei nada, a não ser a palavra dobrze (Bom).
Bem, mas não é sobre isto que quero comentar hoje.

Há duas noites (dia 28.janeiro – dia da passagem do pai) deitei triste, desestimulada, coisa não incomum nesta minha última fase de vida, já que estive acostumada sempre, desde os 5 anos, a ter alguma tarefa, algum trabalho, algum projeto, algum empreendimento para realizar e agora, nada, a não ser o próprio (auto) estímulo para escrever algum artigo no blog, reorganizar apostilas, textos, fotos. O que me proporciona satisfação ao final, sim, só que é sempre resultado de um “Avante, Marise!".

Também cuido de minhas plantas, crio as mudas para doação. O que gosto também de fazer e que me acalma internamente.

Mas, várias vezes, não há vontade de fazer nada. Desestímulo. 

E foi com este estado de ânimo que fui deitar, pedindo à Força Maior que me mostrasse um caminho que eu pudesse seguir e dar mais certo.

Adormeci.

Estava nos bancos do fundo de um grande teatro, onde se realizava uma apresentação artística. Vários grupos e bandas se apresentavam. Tudo escuro, não conseguia ver quem eram os que estavam a meu lado, todos desconhecidos. Em uma das apresentações, foi dada uma luz indireta para um tambor enorme que estava a uns cinco assentos à minha direita, uma fileira atrás, e um som muito lindo acompanhou o que estava sendo apresentado no palco. Não se via o corpo, o rosto de quem emitia os acordes, somente os dedos, ágeis, destacados, dedos em linha reta. Foi breve a apresentação dele e, quase instantaneamente, o apresentador, homem de idade faixa dos 50, forte, compleição larga, veio com o microfone para entrevistar-apresentar o artista. 

Apareceu o rosto. 

Rosto sabedor de sua capacidade, faixa dos 60, foi lacônico, enfático, só agradeceu a oportunidade. Olhou em minha direção, mesmo eu estando no escuro e não o conhecendo. Ainda noto um outro rosto, cabelo mais escuro, rosto de homem mais jovem, aparentando seus 40 – 45 anos, que me olhou, também. (Há pouco, ao procurar uma imagem para ilustrar o topo desta postagem, procurando por 'tenor' no Pixabay, encontrei uma imagem de Jean William, um tenor brasileiro que eu não conhecia. Só não coloquei, por não saber se ele concordaria ou não. Mas há semelhanças.) 

Passou.

Cena seguinte, estou do lado de fora de onde havia acontecido a apresentação, mexendo em uns tocos toscos, largos, do que foram troncos de árvores, passa o senhor mais jovem que vi lá no teatro. Olha-me novamente e segue para a floresta que está mais acima. De lá, começo a escutar uma voz forte, potente, de um tenor talentoso. Sei que se trata de um profissional que já teve seu tempo e agora, havia caído no esquecimento. Ouço com enlevo.

Acordo.

Meu primeiro sentimento foi: Puxa, por que não gritei “Bravo!” quando ele terminou de cantar? 

Poderia ter gritado isto, pois sei que cantou para que eu ouvisse, apesar de não haver nenhum maior direcionamento em nosso contato.

A sensação ruim, dor de cabeça, espécie de tonteira por falta de ar, persistiu por uns momentos. Fui pra frente do ventilador, enchi os pulmões e o cérebro de ar mais vigoroso (faço isto seguido) e melhorei. Fui para minhas lides.

Ao preparar a cama para deitar, quase 2h30min da madrugada, veio o insight. Os dois personagens vieram para me alentar, para me mostrar que não sou a única ativa que ficou relegada ao esquecimento, que a Vida é assim mesmo, quer a gente goste, ou não.

Entendi.

E agradeci.

E me parabenizei, como todos os dias faço, pelas pequenas coisas que  realizo durante o dia: fiz minha higiene pessoal a contento, preparei minha alimentação saudável, tomei banho regular e lavei a cabeça, lavei algumas poucas roupinhas, estendi, recolhi e guardei no lugar certinho, fiz uma vigorosa massagem em meu pé direito que dói, li bastante sobre as notícias do dia, fiz minha caminhada diária e fui ao supermercado comprar bananas e maçãs, escrevi um artigo e publiquei no blog. Além disso, cantei e conversei por whats com meu neto mais novo (21 anos). Deixei um alô para minha irmã. E tive, já noite, uma conversinha curta com minha filha, acertando nossa saída para sábado à tarde, para um abrigo de cavalos.

Sempre faço este relato-agenda do que realizei durante o dia e concluo com um: “Parabéns, Marise!”.

Parabéns, Marise! Mais uma vez tu conseguiu!

Gratidão a todos os que estão em minha vida. Gratidão aos dois artistas que passaram um entendimento importante e necessário para mim. Em mais uma vez em que me senti pensativa e frágil.

Aprender com a Vida, sempre!

Gratidão!


Link deste post: https://diariodaultimaetapadavida.blogspot.com/2020/01/o-tambor-e-o-tenor.html


Mais sobre o tema:






Além do tempo e do espaço - É a consciência que cria o universo material e não o contrário 

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Marise Jalowitzki é mãe, avó, sogra, irmã, tia, filha, neta, amiga, cidadã.Também é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas.Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano. Querendo, veja aqui








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